"cornetear" ou não "cornetear"? Eis a questão.

Amigos Confrades: a maioria de nós já deve ter passado pela experiência de ter que cumprir um Contrato de Experiência por Tempo de Serviço. Aos que são muito jovens e não sabem o que é isso, explico que é um compromisso formal em que empregador e empregado estabelecem um período de até 90 dias onde a importância e a qualidade do trabalho são avaliados. Ao final desse prazo, havendo interesse reciproco e bom conceito mutuo, o contrato transforma-se em Prazo Indeterminado, ou seja: nesse momento o trabalhador torna-se efetivo no cargo que ocupa.

Mas por que estou escrevendo sobre isso? Bem, nosso treinador ultrapassou os 60 dias à frente do colorado e aproxima-se dos 90 dias sem apresentar nada que justifique sua efetivação no cargo. Mesmo o cabeça-dura teimoso do Roth, por algum tempo mostrou algum serviço. Basta lembrar a partida contra o São Paulo pela Libertadores de 2010. Mas do trabalho do Falcão nada de positivo se pode dizer: não temos um padrão de jogo definido, jogadas trabalhadas e o pior: não se vê evolução (pelo contrário!). Me pergunto como isso é possível se a base do time é a mesma do ano passado? Como uma equipe pode cair tanto de produção em tão pouco tempo, dispondo do mesmo material humano?

Para piorar, o que se vê em campo é uma completa falta de vontade e motivação. Jogadores perdidos em campo sem saber o que fazer e um técnico com a mesma postura dos tempos em que comentava. Muitas vezes ele parece estar apenas assistindo o jogo. Vivemos da mesma insegurança dos tempos em que Clemer era nosso goleiro: não sabemos em que momento Renan vai falhar mas sabemos que isso com certeza vai acontecer em algum momento do jogo. O segundo gol do Palmeiras seguiu-se, além da falha, da reação indiferente de Bolívar. D’Ale não pode ter desaprendido a jogar. Isso, amigos, é sintoma de insegurança dos jogadores.

Jogador bom resolve na individualidade. Mas jogador bom também precisa de comando, precisa de direção e sobretudo precisa de tranqüilidade e orientação. Se isso não acontece ele vai murchando e ficando sem motivação, mesmo sendo titular. E quando se trata de uma referencia para o resto do time, a falta de motivação pode acabar contaminando os demais jogadores. Quantos times bons caíram ou quase caíram por causa de um momento ruim? Amigos: estamos vivendo um momento ruim e é hora de nos posicionarmos frente a ele, antes que ele se torne insustentável e nos traga prejuízos irreparáveis.

Esse Blog sempre se posicionou contra a contratação do ídolo Falcão como treinador: nos lembramos da desastrada primeira passagem dele pelo cargo. Então, temos a consciência tranqüila de que não estamos na corneta.

Que fique claro que todos nós estamos torcendo pelo sucesso de Falcão, não só pela sua trajetória como ídolo do Inter nos anos 70 mas também porque o sucesso dele representa nesse momento o sucesso do Colorado. Mas todos nós, incluindo-se o próprio Falcão, devem se perguntar o que é mais importante para os interesses do Inter: insistir em um caminho que não está levando a lugar nenhum ou repensar toda essa situação e corrigir o rumo antes que seja tarde.