O Internacional foi surpreendido pelo Mazembe na noite (horário local) desta terça-feira, no estádio Mohammed bin Zayed, em Abu Dhabi. O confronto valia vaga na final do Mundial de Clubes FIFA, mas a equipe colorada foi derrotada por 2 a 0 pelos africanos. Kabangu e Kaluyituka marcaram os gols para o time alvinegro. Agora, o time colorado decidirá o terceiro lugar contra o vencedor do jogo entre Inter de Milão e Seongnam, da Coreia do Sul.
A difícil missão de tentar o bicampeonato mundial da FIFA foi interrompida, e agora o Inter projeta o ano de 2011, em que terá quatro competições (Libertadores da América, Recopa Sul-Americana, Campeonato Brasileiro e Campeonato Gaúcho) para buscar ser campeão e manter o panorama do Internacional de trazer, desde 2002, uma taça por ano ao Beira-Rio. Aliás, é o único time brasileiro que conquista um torneio internacional por ano desde 2006. O Colorado já faturou a América duas vezes, o próprio Mundial, a Recopa, a Copa Sul-Americana e a Suruga Cup.
Mas o segundo título do Mundial FIFA também é alcançável, sim. E isso pode ocorrer já no ano que vem, passando pela conquista do tri da Libertadores. "Vamos erguer a cabeça, pois já provamos superar qualquer coisa" são as palavras do vice-presidente de futebol, Fernando Carvalho.
Início quente em Abu Dhabi
Uma partida eletrizante. Assim pode ser definido os primeiros minutos do jogo entre Inter e Mazembe, pela semifinal do Mundial de Clubes FIFA. Vendo o Mazembe postado atrás, o Internacional logo tomou conta do meio-campo, utilizando a principal característica deste time de Celso Roth: a posse de bola.
Logo aos 50seg, o Colorado chegou primeiro. No bate-rebate, a bola sobrou para Rafael Sobis na área, que chutou por cima. Aos 2min, D'Alessandro bateu falta na área e Bolívar testou para defesa firme de Kidiaba. Só dava Inter no início da partida.
Bola não entra
O controle do jogo cada vez mais se transformava em chances de gol. E foram muitas. Aos 10min, Alecsandro roubou a bola e saiu para o contra-ataque. O camisa 9 cruzou e Rafael Sobis, no interoor da área, finalizou para a espetacular defesa do goleiro africano. No mesmo minuto, os africanos responderam com um chute de fora da área. Kabangu arriscou de longe e Renan defendeu em dois tempos.
O Mazembe ainda conseguiu uma finalização com Nkulukuta. Kabangu, aos 15min, dominou na intermediária e soltou a bola para o lateral pela direita. O jogador bateu forte pela linha de fundo. Mas era o Internacional que chegava com mais qualidade e, depois da oportunidade dos africanos, emplacou dois momentos para balançar as redes.
Goleiro Kidiaba, no alto, foi o nome da partida e impediu o gol colorado
Aos 18min, D'Alessandro cobrou falta pela esquerda e Índio, no segundo pau, quase sem ângulo, testou cruzado para o meio da área. Ninguém colocou o pé para botar a bola no gol. Três minutos depois, foi a vez de Tinga. Nei alçou a bola na área e o volante colorado, de cabeça, desviou pela linha de fundo. O goleiro do Mazembe já estava vencido no lance.
Emparelhou
A partir dos 30min do primeiro tempo, o confronto esfriou, mas não por falta de luta ou tampouco de empenho. Inter e Mazembe tiraram o pé do acelerador e procuraram manter a bola no pé. Em um jogo competitivo, era necessário que, na habilidade individual, o Inter chegasse ao gol adversário. E ela apareceu em Tinga, que, aos 36min, fez um lançamento espetacular para Alecsandro. O centroavante bateu prensado e a bola saiu pela linha de fundo.
Mas o cuidado atrás sempre é fundamental. O Mazembe explorou bastante as arrancadas de Kaluyikuta pela esquerda. Em uma delas, aos 41min, o camisa 15 saiu na velocidade e, sem ângulo, no fundo, chutou pro gol. Renan espalmou no reflexo para fora. O Inter ainda concluiu mais uma vez, aos 44min, quando Nei recebeu passe de Wilson Matias, que correu para a área. O lateral cruzou e o próprio volante bateu bonito, por cima. Fim de papo na etapa inicial e 0 a 0 no marcador.
Segundo tempo e o susto
Da mesma maneira que o primeiro, o segundo tempo começou corrido, mas, desta vez, a favor do Mazembe. Aos 7min, ocorreu o grande susto: o gol do time africano. Kabangu recebeu passe na área, dominou e ajeitou para o pé direito. O jogador bateu no ângulo de Renan, sem chances, abrindo o placar.
Busca incessante pelo empate
O Mazembe se fechou mais ainda e coube ao Inter pressionar. Foi isso que ocorreu. Aos 14min, Rafael Sobis recebeu sozinho e soltou a bomba que Kidiaba espalmou. No rebote, a zaga tirou pela linha de fundo. Cinco minutos depois, novamente o camisa 11 tentou o gol. D'Alessandro, na linha de fundo, cruzou e Sobis testou por cima da meta adversária.
Novamente o Inter via a bola não entrando. Aos 24min, Giuliano, que havia ingressado no lugar de Tinga, entrou na área e bateu de esquerda. O goleiro Kidiaba foi de novo decisivo e operou um milagre, espalmando para o lado. Três minutos mais tarde, Rafael Sobis bateu falta rasteira, em jogada ensaiada, e D'Alessandro desviou pela linha de fundo. Aos 33min, Nei trouxe a bola para o pé esquerdo e bateu, de fora da área, à esquerda de Kidiaba.
Mais um gol do Mazembe e fim de papo
Foram muitas chances do Inter de empatar a partida, mas o gol teimava em não sair. São coisas que acontecem no futebol. Se o Colorado não conseguia marcar o seu primeiro, o Mazembe chegou ao seu segundo. Kaluyikuta, aos 40min, arrancou pela esquerda, trouxe a bola para a perna direita e chutou para as redes. Renan se esticou, mas a bola entrou no seu canto direito.
O banho de água fria culminou no fim da luta do Inter pelo bimundial. O jogo terminou aos 49min da etapa final. O placar de 2 a 0 para os africanos faz o time colorado disputar o terceiro lugar do Mundial de Clubes FIFA no próximo sábado, às 12h (horário de Brasília), diante da Inter de Milão ou Seongnam, da Coreia do Sul, que se enfrentam na quarta.
"Não tem muito o que falar nesta situação. Tem que pedir desculpa à torcida que tinha esta expectativa com a gente", disse Tinga.
"A gente fica muito triste com isso. É difícil falar", resumiu Bolívar.
"Fomos derrotados e machuca muito isso. O outro time jogou com muita inteligência. Com certeza, foi a derrota que mais me doeu. Esperei a vida toda para jogar aqui, mas o futebol é assim. Acontece isso", afirmou Guiñazu.
"Hoje foi o dia que a bola não entrou. Fomos melhores. Eles atuaram no contra-ataque e foi asim que chegaram ao gol. Triste pela bola não ter entrado", falou Giuliano.
"Sinto muito. Os torcedores passaram o dia interito esperando por esse jogo. Foi muito ruim. O clima é de velório. Ano que vem temos Libertadores. Porto Alegre deve estar um mar de lágrimas assim como estamos aqui. Foi motivo de orgulho para nós a invasão de colorados aqui em Abu Dhabi, mas vamos erguer a cabeça", avaliou o vice de futebol, Fernando Carvalho.
"Terminamos o ano como campeões da Libertadores mas não conseguimos avançar. Tivemos várias oporuntidades, mas eles tiveram a felicidade de marcar os gols. Tem que parar, pensar no próximo ano, em uma nova Libertadores. Viemos aqui para conquistar o bicampeonato, mas não deu", afirmou o presidente Vitorio Piffero.
"Tínhamos uma expectativa muito alta. O Internacioanal veio para o Mundial em 2006 e tudo que pudesse ocorrer era lucro. Neste ano não, a responsabilidade era muito maior pela própria qualidade na equipe que tem e que não foi feliz hoje. Nós nunca nos enganamos e sabíamos que esse primeiro jogo era o mais complicado. A decepção é muito grande, porque não adianta dizer que tivemos oportunidades. Melhor é quem ganha. O Mazembe aproveitou as oportunidades que teve", avaliou o técnico Celso Roth.
