domingo, 10 de abril de 2011

O Rei morreu, vida longa ao Rei!


Há, dentre as coisas do futebol, questões fundamentais que se assemelham a política. Um dirigente pode ser populista ou não. Nosso eterno presidente Fernando Carvalho sempre foi avesso a troca de comando de vestiário, não cedia à pressão nem de imprensa e nem de torcida. Dizia que não se deve abdicar de todo um planejamento por causa da pressão de alguns resultados negativos e que devia-se dar tempo para que o trabalho desse resultados. Se fizermos um balanço de sua administração, ela foi sem dúvida a mais vitoriosa da história do clube. Mesmo assim, no que diz respeito a técnicos, houve mais erros do que acertos. Perdia-se muito tempo insistindo com técnicos tais como Tite, Alexandre Gallo, Joel Santana, Ivo Wortmann e outros. E vale lembrar que, após a derrota pro Mazembe, Roth só ficou no cargo por insistência de Fernando Carvalho. Não dá pra acertar sempre, diria ele: mas pra que teimar tanto, presidente? Se acertasse metade, não teria pra ninguém!

Além de que toda diretoria do Inter, independente de quem seja o presidente, é apegada as coincidências: das do tipo que marcaram as conquistas continentais de 2006 e 2010. Na cabeça da diretoria, trocar de treinador no meio da competição não é nenhum absurdo e talvez possa resolver as coisas. Diante da insatisfação da torcida, Giovanni Luigi (que diferente de Carvalho, é populista) quer fazer diferente: para ganhar a massa, contrata Falcão como técnico. Engraçado que há poucos dias atrás, Muricy Ramalho estava disponível no mercado. Teria sido a oportunidade para trocar Roth por um treinador de verdade e aposto que agradaria mais. E olha que não é a primeira vez que isso acontece: nossa direção não aproveita Muricy livre enquanto nosso treinador balança.

Amigos: Celso Roth foi demitido, não por causa dos resultados ou pela insatisfação da torcida, mas por que a relação com alguns jogadores e com a diretoria estava abalada. Não há mais Fernando Carvalho para protegê-lo. Sabe-se que a rispidez com que Roth trata seus comandados é notória e por isso se diz que o trabalho dele dá resultado apenas no curto prazo: nenhum boleiro agüenta esse tipo de coisa por muito tempo. E a ‘validade’ de Roth expirou, via-se pelos resultados que era chegada a hora da troca. Mas Celso não é o único responsável pelo que vimos em campo na quarta. Cá entre nós: Bolívar é lento, Índio está gordo e Nei dói de ruim. Cavenaghi e Zé Roberto ainda não mostraram qualidade suficiente para envergar o manto sagrado e Sóbis não é nem sombra do jogador que era em 2006. Chega a dar raiva aquela troca de passes laterais sem objetividade nenhuma. Se não dá pra simplesmente trocar todo mundo, então sai Roth. O que gostaríamos de ver é um Colorado guerreiro, sufocando o adversário como fez com o São Paulo na última edição, não um time que parece ser de veteranos esperando o dia de receber o benefício do INSS.

Pois Celso Roth foi demitido: rei morto, rei posto. Para seu lugar, contratou-se Paulo Roberto Falcão, o Rei de Roma e ídolo colorado dos anos 70. Já ouvimos diversos argumentos contra e a favor da escolha. Ele tem pouca experiência como técnico de futebol e está fora do mercado há muito tempo, mas quer voltar a exercer a profissão e como comentarista é atualizado das coisas do futebol, tem boa visão tática, inteligência, fala a língua dos boleiros (há controvérsias) e tem aceitação da massa. Eu, particularmente, acho que se ele deveria re-adquirir experiência em algum outro clube de menor envergadura e com necessidades e expectativas de menor grandeza. Nesse momento, teria sido melhor tentar arrancar o Dorival do Galo ou contratar o Geninho que está sem clube.

A maioria da torcida queria Falcão. Eu sou parte de uma minoria: não desejava que se fizesse experiências em meio à Libertadores. Temos time pra disputar o título e já cansei de ver semestres inteiros desperdiçados por escolhas equivocadas como essa. Dá nos nervos lembrar que perdemos o Campeonato Brasileiro de 2009 pro Flamengo por causa da teimosia da direção em manter Tite no comando quando passava da hora dele ser demitido. E, na hora de trazer um técnico ‘de verdade’, resolveram fazer experiências com o Mário Sérgio. Mas essa direção não erra jamais! Basta lembrar que, há um ano atrás, ninguém da torcida queria Roth: e o Inter foi Campeão da Libertadores! E COM Celso Roth, então tudo é possível! Nos resta torcer para que o errado vire certo de novo. Vamos torcer para Falcão justificar a confiança da diretoria e que ele faça um trabalho melhor que o de Celso Roth, senão por que trocar?

Termino lembrando o exemplo do Zico, que ensaiou carreira como técnico e, durante algum tempo, até teve relativo sucesso. Perguntado se ele, no futuro, desejava ser técnico do Flamengo ele respondeu ‘não’. A justificativa foi que ele não queria que sua condição de ídolo fosse arranhada pelos gritos de ‘burro’ que certamente emanariam da arquibancada ao primeiro sinal de insucesso. Independente da condição, da ligação ou da identificação de quem treina uma equipe, o torcedor quer sempre resultados. Se ele falhar, boa parte da massa que apóia nas vitórias irá vaiar. Não quero ver o Falcão ser vaiado ou chamado de burro: ele é ídolo eterno de todos os Colorados e não precisa e nem merece isso.

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